quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Surreal

     À noite, no escuro do meu quarto, deixo escorrer sobre o meu rosto, e molhar os meus travesseiros as minhas mágoas, as minhas tristezas, a minha solidão em forma de  teimosas lágrimas que hesitam em se libertar e com essa forma de aliviar a alma, adormeço com a tentativa de encontrar em meu sono um refúgio, um abrigo onde haveria paz e você não faria mais diferença em meu coração.
   Mas, de nada me adianta, pois até nos piores pesadelos existe a sua presença, até nos lugares mais horrendos e assustadores. E me surpreendo quando em meio ao caos e no auge do meu medo, surge um anjo, com suas grandes asas, me envolvendo em seus braços, e fitando-me com seus olhos castanhos, fazendo sentir-me o mais segura possível.
  Percebo em meio a sensação de êxtase e segurança que há formigamento em partes onde a minha pele encontra a sua, que meu coração dói e ao mesmo tempo se acelera freneticamente, em minha boca há ausência de saliva e dos meus olhos as teimosas lágrimas escorrem percorrendo a minha face como rios que vão de encontro ao mar, chegando a minha boca, e ali sobre os voluptuosos lábios estacionando calmamente, o meu rosto se contorce em uma mista expressão de dor e alegria quando noto  que o anjo, aquele anjo que provocou a agitação em  meu corpo, que desajustou os meus hormônios, nada mais é que o motivo de tanta tristeza e solidão, nada mais é que alguém de quem eu fugi, alguém que eu amo e de quem tenho tentado ocultar esse puro e verdadeiro sentimento.
     Novamente, “os rios” encharcam a minha face, a minha consciência quer se desvencilhar daquele arcanjo o mais rápido possível, mas meu coração não quer deixá-lo ir jamais. Mas, de repente, em uma fração de segundo, aquele que me causa todas essas sensações, oscula-me e sinto que meus pés já não tocam mais o chão. E como em um surto de dor, alegria e leveza, assusto-me e acordo em meio aos meus lençóis e travesseiros, e noto que tudo não passou de um sonho, uma mera ilusão.
         É hora de voltar à realidade.

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